sábado, 27 de maio de 2017

As pessoas não querem conselhos, querem ser ouvidas.
Você apaga, desiste de um poema, mas o texto não morre, vai nascer em outra pessoa, outro gênero, número e grau.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A declaração de amor
recebida,
em segredo,
encaminho,
cheia de dedos,
com flores de maio,
para outro endereço.
Aproveito a deixa,
economizo latim,
e aguardo a resposta
que não tive
pra mim.
Estão espalhados pelo Centro,
com seus panos e mantas cinzas.
Unhas e peles encardidas, cinzas.
Estão pedindo comida ao invés de pedra.
Cinza.

terça-feira, 23 de maio de 2017

A melancia cortada na banca da calçada,
na esquina paulistana.
O cheiro se mistura ao vento frio.
Do outro lado do Centro, 
homens correm feito ratos, contra o vento.
A felicidade não pode ser plena,
enquanto pessoas estão sofrendo.
Eu não preciso estar apaixonada pra escrever sobre amor. Eu apenas preciso estar viva.
Ganhar duas caronas de guarda-chuva no mesmo dia é muito Sol!
O cheiro da chuva na terra.
O cheiro da chuva no asfalto. 
O cheiro da chuva na pedra. 
O cheiro da chuva no alto. 
O cheiro da chuva lembra histórias tão suas que a boca nem responde. 
O cheiro da chuva é cortesia do céu. Aproveite.
A chuva desmancha os olhos
O que sempre foi feito, descoberto, é como a traição. Você pode perdoar mas continua com a sensação recorrente que vai acontecer de novo, ou você rompe e começa tudo de novo. Precisamos romper com eles.
Perder tempo,
como se pudéssemos perder o que não temos.
o outono é um ensaio 
do inverno e ponto.
Pedaços de bijuterias.
Frascos de perfumes
com uma gota de cheiro.
Bolas de gude verdes.
Santinhos com orações
pra distribuir em igreja.
Alfinetes de tamanhos variados
feitos na China.
Caixa de metal com aparelho
de barbear e espelho.
Saquinho de bolas de naftalina.
Batons começados,
esmaltes endurecidos.
Sabonete Lux.
Botão grande sozinho.
Grampeador.
Agenda telefônica tão pequena
que quase não dá pra ver o número.
Achei seu telefone. É fixo.
Só resta saber se você ainda está por aqui.
Tinha meia hora pra fazer algo pela rua. Passou na lotérica, quina acumulada em dez milhões, pegou o bilhete riscou os números de sempre, e aguardou na demora de alguém na fila que sacava o fgts. Surge uma senhorinha dentro da lotérica, com saia comprida, Bíblia na mão e coque:
- Moça, qual é o bilhete da mega?
- É esse.
- Qual você vai jogar?
- Na quina.
- É mais barato?
- Um e cinquenta.
- Vou jogar esse! Escreve pra mim? Quem sabe você me dá sorte?
Ela assinalou números diferentes do jogo que sabia de cor, só repetiu o número cinco. Ainda tinha um tempinho, foi na loja de doces. Entrou no trabalho e um pouco tarde dentro daquela meia hora, percebeu que a mulher que queria dividir o prêmio com ela era a sorte.

domingo, 21 de maio de 2017

Ontem, estava no trem
 e o celular de alguém
 avisava
 que o presidente caia.

Sem bateria,
eu acreditava,
e sonhava
 que a Reforma
da Previdência parava.

Como eu sorria!

Cheguei em casa
e nada,
mas
amanhã ele cai.

domingo, 14 de maio de 2017

O amor não chega logo de propósito,
quer que você tenha tempo de viver sem.
Planeje seus sonhos,
arrume suas coisas,
tome posse de coisas concretas.
Porque quando for embora,
que tem amor que um dia vai.
Você fique bem.
Até a próxima chegada.
Pedaços de bijuterias.
Frascos de perfumes
com um dedo de cheiro.
Bolas de gude verdes.
Santinhos com orações
pra distribuir em igreja.
Alfinetes de tamanhos variados
feitos na China.
Caixa de metal com aparelho
de barbear e espelho.
Saquinho de bolas de naftalina.
Batons começados,
esmaltes endurecidos.
Sabonete Lux.
Botão grande sozinho.
Grampeador.
Agenda telefônica tão pequena
que quase não dá pra ver o número.
Achei seu telefone. É de fixo.
Só resta saber se você ainda está por aqui.
Saudade, tempo que foi embora e levou gente junto.
Tem poema
que tem
o traço borrado
que você
só enxerga, 
o que é,
quando vê
de longe.
Alguém pergunta
o que você vê
e você responde
onde.
Se você não usar sua intuição, 
ela te usa.
É quase sexta,
mas 
começa 
com o Sol 
dando as caras.
Já a Lua,
agora
cai
na balada.
Não há poesia sem saída.
Você sabe,
ninguém viu,
é segredo,
então
faz de conta.
-Moço, eu poderia estar roubando, 
mas estou aqui vendendo meus sonhos.
Aceito um pouco 
de tranquilidade, 
dessas que se 
espreguiçam
na rede,
no meio da cidade.
Minha janela tem grades,
uma jaula delicada,
que me guarda
da minha liberdade.
Poesia em tempos tão duros pode ser um mico, mas eu me arrisco.
ando afiada com o passado,
é nele que me distraio.
Ando péssima 
com adivinhações,
não consigo 
ler mãos e cartas,
borras de café, 
e olhos.
Expectativa é você pegar uma rosa na mão esquecendo dos espinhos.
Você descobre que é incorruptível quando resiste ao delicioso chocolate de 1 real oferecido pelo misterioso marreteiro.
Verdade é uma palavra bonita.
A chuva passa,
o tempo sorri satisfeito.
Sozinha, eu não ligo,
agora só namoro
comigo.
Ensaio uma despedida
que não termina.
Fica um elástico
que vai embora
volta, nunca rompe.
É a saudade.

Mostrar mais reações

O bairro da Liberdade tem cheiro de Tempurá.
Multidão de um só.
Amigos cabem em qualquer lugar, só precisam de espaço.
O amor é conhecido
de todos, mas é pouco reconhecido.
Pinto as unhas das mãos para cobrir minha ancestralidade de vergonha.
O frio foi feito pra juntar os corpos,
o calor dispersa.
ganho muito 
me fazendo de boba,
a melhor parte são os sorrisos.
Amanhã eu vou parar,
mas já parei faz tempo,
sempre que posso paro,
presto atenção no pulso,
na respiração, 
na pessoa ao lado.
Amanhã eu vou parar,
mas já parei faz tempo,
sempre que posso lembro
da minha labuta, de como era
bom saber que eu podia querer.
Amanhã eu não vou parar,
não estarei aqui pra contar,
não vai dar mais tempo.
Os donos do poder se divertem com a nossa desunião.
escrever com a mâo esquerda,
quando a direita se nega
é um exercício de poder.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Chove um pouco, molha o chão. Poças de água esperam os carros que passam. Não tem como fugir.
Coração desocupado
bate melhor.
Ocupado acelera.
Dois corpos num mesmo
lugar pra contrariar
a lei da física.