quarta-feira, 22 de março de 2017

Perdeu!

O motoqueiro levou a mochila preta da moça. Em casa vasculhou seus pertences. Cinquenta reais, batom, uma agenda. Abriu a agenda, um bilhete de quina com algo escrito no verso. Não acreditava em loteria, acreditava em ganhar dinheiro da forma que fazia. Deu vontade de jogar o bilhete no lixo, mas deixou ali no meio da agenda. Na rua, no meio da correria, cismou de passar na lotérica, anotou os números e foi embora. Chegando em casa, verificou o bilhete e os números conferiram, acertou as cinco dezenas. Olhou no verso, e viu um CPF, o nome e um número de telefone, e resolveu ligar no privativo, o nome dela era Renata:
"Oi, Renata, tudo bem?"
"Quem é?"
"Olha, não é trote, eu levei sua mochila pois eu precisava, sabe? Mas estamos com um probleminha."
"Como conseguiu meu telefone, desgraçado?"
"Vamos manter o nível, que o assunto é do seu interesse. Seu telefone estava atrás do bilhete de loteria. Você foi premiada, eu preciso devolver pra você, que está escrito aqui que é intransferível, entende?"
"Como eu vou saber que isso não é um pretexto para um sequestro?"
"Anota os números, 09, 17, 32, 38 e 45. Confere aí nas suas coisas, eu te ligo daqui uns cinco minutos."
"Fechou."
Passado os cinco minutos.
"Renata, o que você vai fazer com 600 mil?"
"Cada pergunta... Não sei. Preciso pegar com você o bilhete primeiro, né?"
"A gente faz assim, eu vou deixar suas coisas com o bilhete num saquinho de supermercado amarrado num portão, no endereço que eu vou te passar depois." Ligou pra Renata, ele passou o endereço, ela pegou o bilhete. Renata rica, mas o ladrão pobre foi preso roubando outra mochila em seguida. Ficou dois anos preso. Quando saiu da prisão lembrou do que aconteceu e ligou pra Renata que ofereceu emprego de motoboy entregador de pizza, da pizzaria que ela comprou. O boy cansou da correria, aceitou, depois de alguns anos virou gerente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário