terça-feira, 28 de junho de 2016

Quando ele nasceu, eu usava cabelo pela cintura, calça camuflada com coturno, não era do metal, dark, ou punk. Quando ele nasceu, eu ouvia o primeiro disco da Madonna, ganhava e perdia o primeiro amor, o rapaz mais bonito do colégio chamava Andreas Kisser, e a banda dele era Esfinge. Quando ele nasceu, eu me orgulhava de ser do ABC, de quase ter sido atropelada por ter visto o Suplicy
atravessar a rua para ir na gincana do meu colégio. Quando ele nasceu, eu tinha uma fitinha do The Clash, comprada numa lojinha da estação da Luz, para ouvir num walkman no trem. Quando ele
apareceu, com a barba por fazer, alguns
grisalhos e umas entradas, sobrancelha falha, marcas de expressão ao dar risada, eu jurava que ele tinha mais de trinta, e ele jurava que eu tinha menos de quarenta.

Quando ele nasceu eu morri.

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