segunda-feira, 25 de maio de 2015

Hoje acordei com a fala de uma senhora de 82 anos, que conheci num restaurante que frequento no Centro, tinha um nome bonito, desses que tem nos livros antigos, mas agora não me lembro. Ela morava sozinha num prédio do Brás, e reclamava da ausência dos vizinhos que não se conheciam, salvo um casal de bolivianos que dividiam a mesma vista da varanda de serviço. Eu argumentei que todos sofriam da falta de tempo. Insistiu que os bolivianos trabalhavam muito, mas levantavam os bolos que faziam pela varanda e iam levar um pedaço pra ela. Molhavam as plantas do corredor caso ela se ausentasse, coisa que percebiam pelos passarinhos que ela cuidava. Tinha certeza que se um dia não acordasse mais, eles dariam por sua falta. Tempos depois, dei por falta dela, e como uma vizinha mexeriqueira, fui numa varanda do pensamento e vi os bolivianos chamando o síndico. Eles continuam cuidando das plantas e ouvindo os passarinhos.

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