Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
domingo, 31 de maio de 2015
Eu costumo optar pelos caminhos mais seguros, do que pela rapidez de chegar. No meu caminho, procuro me atentar em tudo ao redor, e há momentos que sou tomada pelos cheiros. Gosto de sentir os perfumes e os recados da calçada, como se essa quisesse me contar uma história. E a história nunca se repete em alguns trechos. Numa dessas calçadas, sempre me deparo com uma pequena churrasqueira, agregada de uma lanchonete. Ela me remete, dependendo do cheiro do dia, a churrascos memoráveis, à poluição da cidade, mas normalmente invade minha roupa e cabelo como uma intrusa, sem ser convidada. Isso acontece na maioria das vezes. Esta semana foi diferente. Prestei atenção no churrasqueiro, de uniforme, com avental branco e luvas, coisa rara na rua, que sorria da fumaça invasora. Na rapidez de minha passada, consegui ver o brilho dos olhos a molhar as carnes, a felicidade temperada no gostar do que se faz, a benção chamuscada do trabalho. Agora eu gosto daquela fumaça.
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