quinta-feira, 30 de abril de 2015

Antes de sair do metrô da Sé, um rapaz, aparentando não ter mais de 18 anos, me parou para perguntar:
- Posso te entregar uma coisa?
- O que seria? Perguntei.
- Um bilhete.


Vem comigo,
você sabe que 
em meu peito
eu te carrego
de graça.
Botaram fogo nos meus livros,
ouço tantos tiros.
A lousa e
o giz cantando.
Erram sempre o hino.
Acorda,
que tá na hora
de ir pra escola!

terça-feira, 28 de abril de 2015

Saudade,
é de longe
que dá na vista,
e não adianta fechar o olho.
Uma casa lá,
outra de mentirinha,
pra gente tentar dormir.
Nada é em vão,
nem quando você varre 
e as folhas voltam pro chão.
Nuvem
vem
vestida
numa tarde fria.
Segundos antes,
vermelho,
como se protegesse
do perigo.
Verde, como
se fosse permitido.
A vida carrega
primeiro
esses segundos.
Vermelho,
verde.
Depois,
o livre-arbítrio.
A última canção que eu fiz pra você
Eu preciso que você
me contrarie.
E por alguns segundos,
desvie os olhos de mim.
Não me deixe segura,
eu não sei o que é amar,
e se ficar assustada
eu fujo.
Se você se comportar,
com os avisos que deixei
no seu bolso,
como um bom moço,
desapareça por uns dias,
e ao voltar, não se esqueça,
me esclareça
ficando mudo.
Todo tempo o tempo é tempo o tempo todo.
Ed, que não me conhece,
ouvi o Manoel,
esses dias,
vi mais poesia
que a van filosofia.
Cora Coralina,
e suas mãos de 
anilina,
pinta de azul
o céu quando
ficar escuro
e benze minha
pátria
língua.
Será que eu tenho voz,
ou tenho prisão?
Será que eu tenho casa,
ou tenho calçada?
Será que eu tenho amor,
ou tenho coração?
Me disseram que eu tenho nada.
Se na casa tem porrada,
na rua tem porrada.
Se tem dinheiro na biqueira,
lá continua a senzala,
tem escravidão.
Será que eu tenho voz,
ou tenho prisão?
Eu sou de menor, doutor.
A educação que você teve,
eu nem sabia que podia.
Eu não sei se tenho.
Educação, me disseram,
é pra quem tem um coração,
me disseram que eu não tenho.
Será que eu tenho voz?
Você que tem,
pode falar por mim?
Pra mim tem voz de prisão.

domingo, 26 de abril de 2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

domingo, 19 de abril de 2015

Segunda tem a promessa,
mas avisa pra ela
que eu tenho outros dias.
Eu gostaria de aprender Tupi para
saber mais sobre nossa Geografia.
Índios sempre foram poetas,
mas ninguém sabia.

sábado, 18 de abril de 2015

E a vontade de doce que não se explica,
espera o doce salgar na boca,
que alguma coisa modifica.
A defesa pessoal, visivelmente indefesa,
deixou secar feridas ao vento. 
O tempo, cuidador de todas as mazelas,
 fez apenas a gentileza de soprar.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Eu ouvi falar
Eu ouvi falar um pássaro,
ouvi falar um descaso,
ouvi falar um passado.
Eu ouvi falar uma estrada,
eu ouvi falar um cobrador,
ouvi falar um caixeiro viajante,
ouvi falar um amor.
Ouvi falar uma tempestade,
ouvi falar um olho que arde,
ouvi falar uma vontade.
Ouvi falar uma porta,
ouvi falar uma rosa,
ouvi falar um doutor.
Ouvi falar um pé-de-goiaba,
ouvi falar Paranapiacaba,
ouvi falar uma casa.
Ouvi falar um desprezo
ouvi falar um despejo,
ouvi falar um cortejo.
Pessoas foram encontradas
em lugares desaparecidos.
Ouvi você dizer que sim.
Implicar com alguém também é dizer eu prestei atenção demais em você.
Passarinhos corridos,
pássaros lentos,
pássaros largos.