terça-feira, 10 de março de 2015

A ausência 
de palavras
me encheu 
a cara de silêncios.

Eleva-dor












Imagem Maira Garcia
A tua toada,
trova enluarada,
escreve meu amor
em quatro laudas.
Jogamos na cara o que pesa no próprio rosto.
Agulha num palheiro,
espeta pra que
alguém a sinta.
Entre os casais,
entretanto,
e tantos,
tem uns que vão,
mãos apegadas
em si,
que não se aguentam
mais,
quando juntam
mãos,
não
desgrudam,
são
mãos
irmãs,
imã
no
metal
até
o fim.
Um poema sem pé nem cabeça,
deu cambalhotas tortas.
As palavras se encontraram,
orações dormiram,
vogais se perderam,
consoantes se redimiram,
novas
palavras
sur
giram.











Depois da chuva de ontem.

sábado, 7 de março de 2015

quinta-feira, 5 de março de 2015

O Zé do bar.
O Zé herdou o bar do avô. Não tinha lá muita vocação, gostava de servir o prato feito. Bebida não gostava, de ter visto a desfeita que fez com seu avô. Tocou o negócio, colocou som, bilhar, karaokê, o ponto ficou bem familiar. Uma hora o Zé deprimiu, não gostava de servir a marvada e ver alguns descaminhos dos vizinhos. Zé que fez seu bar virar uma praça, ia fechar pela cachaça. Logo os freqüentadores se mobilizaram, até reunião de Associação de Bairro quis participar para o Zé não fechar o bar. E ficou decidido, enquanto o Zé deprimido não podia decidir, que seu negócio próspero iria continuar. Os amigos foram se revezando no balcão até o Zé voltar. O bar serve suco, refrigerante e café, pratos variados com nomes e criações dos moradores de lá. Tem sarau, ponto de troca de livros, e contações de histórias. A história mais pedida é a do Zé, que tem um bar, que deixou de servir bebida e virou um bar café. O Zé voltou, está no bar agora.
Passa quando der, pra ver a nova cara do Zé!
Conhece uma rua de noite,
mas
ela 
se 
apresenta de dia.
Descalço foi um homem no asfalto.
Mãos ao alto para alçar vôo,
mas um anjo bobo
derrubou ao chão
mais perto. 
Risos de ruídos.
Todos estão firmes fortes
Vivos.
Sapatos ficaram de troféu.
Lugar de anjo não é no céu.

Em 4/03/2015.
Tem os que curtem seus amigos conhecidos,
os que curtem os versos de autores desconhecidos, os famosos, os cult, que curtem avanços, os retrocessos, o ódio, o amor, as indiretas, as diretas, a renúncia, a posse, a tosse, o cotidiano, o deboche, o chique, o brega, o meigo, o bruto, o lanche, o prato, as travessas, a fome, a balada, a abalada, o tumulto, a viagem, o trajeto, a língua, a gíria, o dialeto, a vida, a morte, e o nada.
Curtir aqui já deixou de ser também gostar.
Virou
tão
bem
eu
vi.

Em 3/03/2015.
Um roceiro, no final da jornada, na carona de um caminhão:
- Eu ponhei minha coragem até onde os olho alcança, 
para terminar o meu serviço. Olha que bonito, o sol se indo.

Em 3/03/2015.
Ela era loira, ele castanho cacheado. Ela era canhota neoliberal, ele destro de esquerda. Ela ficou ruiva, ele barba ruiva. Não se viram mais, virados ficaram no ano 2000. Dez anos depois, ela castanha, ele calvo. Foi o destempero do tempo que os separou. Quando os cabelos ficaram branquinhos, os dois sem partido, deu tempo, eles se casaram.

Em 2/03/2015.
Eu deixei os brilhos,
os cristais de plástico,
as lantejoulas
e o strass
e o
Strauss.
Fizemos uma valsa na calçada,
onde todo dia é 25 de março.
O vexame saiu no Fantástico.

Em 2/03/2015.
As nuvens
vestem de azul,
bailam no céu
e esquecem de chover.
Ficam dispersas.

Em 2/03/2015
Se a vida colocar as mãos
nos meus olhos,
e perguntar
adivinha
quem
é.
Eu espero que seja você.
Nesse
dia eu vou
parar de perguntar
quando você vem me ver.

Em 1/03/2015