sábado, 31 de maio de 2014

Maio até o fim do dia,
da luz que filtra o café,
pra quem quer o teu amanhecer,
inté mais ver maio,
até o fim do dia.
Ninguém é obrigado a conhecer alguém direito.
Ninguém é obrigado ao prazer de conhecer alguém.
- Pai, quando eu posso ter certeza que eu cresci?
- Sabe aquela sensação que ainda estão te tratando como criança?
- Ainda não tive isso.
- Não chegou a hora, filho. Que bom! 
Risos na sala de domingo.
Foi ouvir que a paixão é uma doença, 
de tão bendita a ofensa, 
que o coração emudecido pelo dito, 
se desapaixonou.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O casaco foi pra passear no frio,
e pede:
- Me leve.

E o casaco que não foi passear,
guardado no armário,
lhe pede:
- Me entregue!
Beber do veneno e continuar vivo,
é a paixão que está contida num vidro.
Salmão no céu azul dourado, 
vai saindo maio do aquário.
E maio, 
se despe em brancas nuvens 
cinzas molhadas no guachet azul. 
Maio se perdendo, pede um tempo. 

Maio pede um blue.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

Deixem que as águas se queixem,
que um dia elas sem trégua acordem
os lençóis da terra que dormem.

Deixem que as cordas rompam
em sonido ungido dos que as corrompem.

Desaguem.
A Terra em alarme.
Entreter-se,

Nem que seja uma única vez,
se repetem o que se repete,
desde o início de todos os tempos,
começos, em meios tão afins.

Entreter-se,

De mãos dadas, beijos ardentes,
e lágrimas proibidas,
escondidas na pós-modernidade,
tão antiga.

Entreter-se,

Da vontade que todo mundo tem
de ter alguém.
Tristeza não tem fim, 
o DJ remixou esta frase da canção. 

E a felicidade foi sambar bonita. 
A vida está no set, na pista.

domingo, 25 de maio de 2014

Escrevo para o amor que não conheço, 
para lembrá-las, senão me esqueço. 
As cartas seladas, sempre voltam sem endereço.
Maio, quem passou o rodo
 no teu céu  e deixou secando o pano? 

Azul de maio, 
faltam seis dias seus neste ano.

sábado, 24 de maio de 2014

Ao pé da letra se ajoelhou para levar o mundo nas costas.
Corre os olhos nas palavras,
não se demore tanto nas vírgulas,
que as palavras ficam sentidas.
Fascinação é a cegueira, de quem tem a certeza naquilo que enxerga.
A Lua cheia de poetas 
que dormem apenas no quarto crescente, 
e quando o trânsito é intenso, 
tem fila de espera na Terra.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Segunda fui parar na quarta,
e da quarta fui parar na sexta,
e da sexta no domingo,
e domingo na segunda,
e na segunda você comigo.
Chuva esperada,
das águas desesperadas.
Nuvens escuras
que seguram
as bordas das calçadas.
Para molhar os pés que sempre molham,
os pés dos gatos,
que não usam mais botas no asfalto.
Correr atrás do sonho,
 é esquecer que o sonho, 
acorda, anda e dorme com você. 
Correndo o sonho, o que ocorre é sonho?

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Na cidade arranhando o chão,
as pistas
do arranhar o céu.
Vai o para-raio,
o raio para não.

Trovão.
Acabou a luz, 
na espera de voltar, 
deixa a vela luzir você, 
antes da luz chegar. 

(Para a luz que acaba de voltar)
A haste que emana espera pela flor. Ikebana.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Atravessaram a rua,
foram no parque,
abraçados, troncos, árvores.
Zanga de beijo

O zangão não deixou o beija-flor beijar.
 A flor sem beijo, 
a chuva desaguou, 
chorou. 

E foi sem beijo que acabou a seca,
que a seca acabou.
É numa greve na condução que fica claro. 
Bem perto fica bem longe de carro.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Nada é mais preciso que o arrependimento,
dado isso, a vida se encarrega dos reparos,
ao arrependido a oportunidade do refazimento.
O céu de maio está encabulado, 
chuva não é seu forte, 
e atrapalhado, 
mandou granizo pra todo lado.
Roubaram um coração. 
A esperança seguradora trouxe de volta, 
são e salvo. 
No B.O : Paixões Arrebatadoras de São Paulo.

Tremi nas tremas

Tremi ao tirarem as tremas, 
o que vai acontecer ao tirarem os pingos dos is? 
Pobre de quem deixa as letras famintas.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Você conheceu uma pessoa 
e virou para olhar a pessoa indo embora. 

Peça, imediatamente, 
seu coração de volta.

domingo, 18 de maio de 2014

A chuva cai no domingo, e a
segunda goteja reticências.

Estão caindo palavras na
vidraça e adjacências.


sábado, 17 de maio de 2014

Para a poeta Ana Cristina Cesar

Pontuações se darão imprecisas, 
que se use a palavra exata, 
a palavra que em ti ainda respira.
Para servir, em tempo de retirar, 
para servir no tempo de receber nos olhos. 

Veja o garçom, como leva as gorjetas da vida.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O macarrão é tão fácil de fazer,
mas o amor não.

Amor poderia ser deixar
 a massa cozinhar rápido,
e antes de passar do ponto,
tirar ao dente,
e o mundo inteiro seria feliz,
apenas com molho de tomate
e parmesão, simplesmente.

Céu de gesso, 
algodoa as nuvens, 
que o azul é afresco.
- Não é desta forma que eu penso. 
- Vamos conversar? 
E neste instante, numa conversa como esta, 
que se evita uma guerra.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Os incomodados que se mudem,

como se mudar de lugar resolvessem tudo,
mudaram-se incomodados, 
e do lado de lá levaram na mala seu próprio mundo.

Os incomodados que se mudem precisam mudar o lugar onde estão,
pois levarão aonde for o mundo que criaram.
O Sol de soslaio, no meio do céu mais da metade de maio.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Distraída

Distraída, a água saliva,
a boca esquece,
e baba.

Na água a palavra nada.
Balbucio.


Salmoura
Sal de amor
a guarda
água na morada.
Depois da dor
tudo
que não tem sal
vai água.


Não saber o que falar, 
melhor não ter nada a dizer. 
A frase aqui se autoexplica, 
redundante como certas lições de vida.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Feliz que não tenham feito

Feliz que não tenham
comprado todos os nasceres,
e pores do Sol.

Feliz que não tenham
comprado os direitos
de tomar banho de Lua

 Feliz que não tenham feito
este feito com os pássaros,
os animais e as plantas.

Que nunca venha a acontecer,
tenho a esperança
 de não ver esse dia,
onde faltará a graça,
o que é de graça,
fará toda falta
 a toda poesia.

domingo, 11 de maio de 2014

Apenas para solteiros

Da próxima vez que alguém te perguntar:
- Por que você ainda não casou?
Responda:
- Eu disse não pra muita gente!
Arame, com o tempo rude,
encosta sem medo
quem beija a flor amiúde.

Beija-flor de orelha violeta, imagem de Felipe Pimenta

Entreabertas

As portas precisavam ser abertas,
e encontraram as giratórias,
que contam histórias
de alarmes que avisam
dos metais que atrapalham
quem quiser prosseguir.

Os alarmes podem ser falsos,
mas a vontade de passar
é verdadeira em todos os sentidos.
"É positivo querer chegar primeiro desde que a intenção seja abrir caminho para outros, tornar mais fácil o caminho deles, ajudá-los ou mostrar-lhes o caminho. A competição é negativa quando desejamos derrotar os outros, empurrá-los para baixo para podermos subir."

Dalai Lama, no Livro- Imagine All the People: Uma Conversa Com o Dalai Lama, entrevistado por Fabien Ouaki.

sábado, 10 de maio de 2014

O que acontece quando olhos já não podem ver?
 Eles ouvem tudo de uma só vez!


Quem é belo e quem é feio? 
A indelicadeza de apontar, 
torna o mundo um mundo feio.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Depois das telas das teclas
das mãos, nunca se escreveu tanto.

Pois as telas, saturadas que estão,
agora procuram os que não leem,
que não choram com os que leem,
que não se encantam com o que não veem.

Seriam mais puros os que esperam
que as letras se acheguem?

As letras que esperam os incautos chegarão
pelas telas das mãos que os procuram
Vontade
volta e meia 
toma e cresce 
em plena cheia, 
e volta e meia some 
e perde praia, 
sol e mar, 
eu e você na areia.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

SP viajante

Hoje São Paulo esteve em Salvador, 
amanhã pode acordar em Porto Alegre. 
São Paulo no outono tem febre.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Com a palavra na boca

Passei o dedo na boca,
espalhei o batom,
limpei as mãos,
para não ter vestígios.

Então notei que
borrei, digitei
e beijei sem querer
um livro.
Ismália,
viu as duas luas, 
apaixonou-se por uma e aprendeu a nadar.

Afonso, salva-vidas da praia, 
agora descansa em paz.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Gosto de ver nossas pernas no espelho do teto.
Elas voam em descoberto.

A vontade de amar aparece vez em quando

A vontade de amar aparece vez em quando.
e se a vontade aparece eu me distraio,
mas diante dos olhos aparece sempre um casal.

A vontade de amar aparece vez em quando,
e eu me distraio e vou ouvir o rádio,
mas o dial ao acaso sempre me apresenta uma canção de amor.

A vontade de amar aparece vez em quando,
eu me distraio e pergunto ao coração:
Qual é o plano?
A erva daninha é danada, 
aparece onde não se espera, 
e ao ser arrancada
o azar é só dela.
Mãe ouve o choro do filho longe, e chega perto: 
- O que houve? Escondendo o rosto: 
-Não sou eu, é o Sol que vai chover!

Até

Até conseguirmos respeitar 
o que o outro sente alguém sofrerá, 
até respeitar o que você sente,

até.

domingo, 4 de maio de 2014

Por mais religioso,
por mais ateu.

A gente é de esquecer,
e se assusta 
sempre ao constatar.

Nada pode ser mais forte
que a vontade de viver
perante a consciência da morte.
Nada pode ser mais forte
que a vontade de viver
perante a consciência da morte.

sábado, 3 de maio de 2014

É o cheiro da terra molhada
que me avisa:
Cheguei em casa.
A boca não entendeu, a língua atravessou, a boca mordeu a língua.
Do veneno da mata, o veneno que não mata, a mata que cura.

Justo no ABC

Vi o primeiro céu de maio na volta, com um lugar na plateia, pela janela do trem. Era um pedaço de céu que sorria e outro se fechava em protesto. Não era justo, que justo no ABC, o Sol e céu se poria em manifesto.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Versos oferecidos

A quem possa interessar,
versos emprestados do mundo
oferecem a quem quiser palavras como escudo.

Mas deixe os versos de lado,
nas poucas palavras que se entendem
com um abraço.
Se a surpresa escondida no prato é pimenta, 
se você gosta come, 
se não gosta aguenta.