quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

De amantes, são de vidro.

Havia feito tudo como mandava o figurino, seguiu as dicas das revistas, leu livros de auto-ajuda. Chegou perfeita como manda um jantar de rapaz enrolado, que no apartamento dele, cozinhava muito bem, e há algum tempo, com total consentimento, caramelizava seu coração em banho de algumas marias. Cheio das melhores desculpas boas que vão sendo jogadas num desnamoro.
A conversa seria séria, estava vestida para a véspera e despidos para o futuro, em alguns minutos.
A conversa seguia muito animada, até chegarem na sobremesa:
 O que é isto? Abrindo a caixinha, os olhos congelando ao envesgarem perante os prismas das possibilidades.
- É um anel de diamante. Com um sorriso cuja imensidão já jogou todas as roupas no piso inúmeras vezes, foi empurrando o coração dela com as pontas dos dedos, até a metade da mesa.
- Eu quero me casar. O rapaz afirmou.
- E eu esperei tanto por esse dia. A moça respirava e segurava.
- Mas não será da forma que você imagina.
Um dos ouvidos da mulher se despediu primeiro, a um outro que surgia, que ficou para ajudá-la a falar.
-Muito obrigado, não posso aceitar, é lindo, mas é uma joia falsa.
-De forma alguma, tenho a certidão que assegura a legitimidade e a procedência.
A menina esqueceu da mulher na mesa, segurava a boneca que sonhava ter um boneco namorado, mas a grana da família não permitia ter dois bonecos no mesmo ano. A canção tomou forma pela primeira vez em sua cabeça, num coração que era de vidro e se quebrou no meio do seio, aceitando a joia como um presente da indenização.
Em total silêncio no táxi, tentando não ouvir o motorista perguntar se queria um lenço, decidiu que jamais seriam amantes.
Brilhantemente, nunca mais foi vista por ele, em lugar nenhum.



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