E o Mia Couto fez a Mona Dorf se emocionar ao ponto de quase embargar
aquela voz segura que costumamos ouvir, ontem no Cinema da Livraria
Cultura.
"Como escrever algo com uma alma tão feminina, me explica?"
Após ler a introdução de um de seus livros. A mulher que vive na África
como um todo, e em Moçambique é enorme, mítica e soberana, mas vive sobre uma
violência, se é magnífica, é considerada bruxa, e sendo exuberante por si só é castigada. Os
homens ali tem medo delas e respondem com vingança e violência, e aí consiste a
mulher que precisa existir e vou de encontro a ela, transcrevo com minhas
palavras um breve resumo. Tivemos o Mia lendo trechos de "A confissão da
leoa", ao nos contar a partir de um fato real sua Moçambique inventada,
como ele sempre diz. "Há muitos sítios ali que não existem, não adianta
procurar no mapa!". E quando afirma que "as perguntas são mais cheias
que as respostas" e "gostaria de mais luz aqui, esta penumbra confere
ao local um certo ar de clandestinidade, e eu gostaria muito de ver
vocês", fez valer a pena ter ido lá para ouvir o que o sertão de João
Guimarães Rosa nos trouxe de volta pelo mar. Com a pele rosa, olhos azuis de
fogo, alma negra e mestiça, Mia Couto.
Esse dia foi muito especial e eu estava lá assistindo a entrevista da Mia e me encantando com as histórias dele, e depois conversei com ele na sessão de autográfos.
ResponderExcluirNadir, foi um dia de encanto, sem dúvida! Muito obrigado por trazer suas palavras!
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