sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tempestade

Perder tempo ao lamentar é o pior tempo a se perder,
Ao lamentar não verá
O tempo bom a chamar por você.

                                           Por Maira Garcia

Não me chame de.

Não me chame de amor ,
eu tenho nome,
e
por favor!
Você chama todo mundo,
do professor,
colega,
ao amigo
todos são:
 Meu amor?

Se reparar, andam vendendo mais perfume
do que a palavra
em prestações suaves.
Vendendo todo o mundo, queimando na brasa em nome do.

Com a globalização e a internet,
 os estudinenses nos deram
 seu love, que na prática serve pra tudo!

Se não
chega ao ponto,
 com mil voltas
ou sutilmente
explica o que é,
e quem é.
Por favor, não insista,
Me chame pelo nome,
não banalize aquilo que
parece e ainda não conhece
 mas está na sua lista.

Diferente do amor dos cristãos,
falo do que não está
circunscrito apenas no coração,
e muita gente repete,
fala e de tanto falar,
pensa que aprender é memorizar.
 Insisto,
Não sabe o que é amar
 e o que é do amor
porque se soubesse não usava
tanto e sem sentido.
Me chame pelo nome, por favor!

                                                Por Maira Garcia

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Photo shopping.

Mostrar o que faz,
para não esquecer de onde vem.
- Lá estão os desenhos deixados nas pedras!
- Aqui temos o mais precioso de nossa carne exposto.

O homem que desenhava na pedra queria na caverna
a mulher,
 seus rebentos,
suprimentos,
modos e medos.

No mais de agora, um lamento.

Que mostrar é esse que se tem feito?
O direito de se mostrar direito?

Saiu da caverna porque ficou seguro.

Ao cair na rede,
querendo mostrar todas as estrelas
que carrega no céu,
passou uma nuvem
e o homem de Cro-Magnon
deu um passo no escuro.
                                         
          Por Maira Garcia


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Para o bem de todos


Os poucos dias que antecedem o aniversário,
 são exaustivos ensaios,
para fugir do inferno
 e descer na estação do Paraíso.


                         Maira Garcia

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Condão umbilical

Quem pode ter perdido,
aquelas transmissões
que são feitas
com o puxar do próprio umbigo?

         Maira Garcia

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Planta dorminhoca

Planta dorminhoca,
que dorme quando se toca.
Planta dorminhoca que conheci no litoral sudeste
após o vento noroeste,
arrastando a sandália de borracha lascada.

Com o biquíni e o pé cheio de sal e areia,
cabelo ao vento,
pensando
em quase nada.

Escapando da linha cortante das pipas,
no passeio da Atlântica
procurando nascente de águas perdidas.

Encostei por querer numa dorminhoca,
isso me fez encontrar
no meio do mato,
que feito gente
a natureza se ressente
quando é tocada.

Maira Garcia

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ode aos separados

Casa e separa, a novela.

Cacuete, cena 1:
Chamou-lhe duas vezes de Maria,
Ligou para o lugar de onde
talvez
jamais quisesse
ter saído.

Desculpa, cena 2:
Alegou que a separação
trouxe a chama
por eles antes
apagada,
conhecera outra que
de bom tom
teve que aceitá-lo
como
amigo.

Sem culpa, cena 3:
Disse que não acontecera nada,
pois não sobraram
coitados,
mortos ou
feridos.

Descoberta, cena 4:
Apenas essa vida
cheia de graça
enchera de gás um homem
que invadiu a praça
e ficou visivelmente
mais bonito.

A terceira pessoa do singular que não sabia de nada, cena 5:

Não foi um presente o seu aparecer
e se o ausente viesse a
acontecer,
Não teria-lhe nem como amigo.

Santo Antonio de ponta-cabeça, cena 6:

Fizera de tudo para entender a situação,
como manda o figurino
non sense do divino.

Por Maira Garcia

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Como ouvi falar de Yemanjá

Na Praia Grande,
minha vó que era pequena
e não sabia nadar,
viu um menino bebendo sozinho
toda a água do mar.

Procurou ajuda na areia
e não encontrou ninguém por perto

Foi quando um aceno lhe chamou na água,
pediu licença e foi entrando,

Batia onda atrás de onda e seus
pés não alcançavam mais o chão.

Foi se achegando,
ao pegá-lo afundaram,
quase
se perderam.
Na superfície retomou,
enganchando a criança no braço,
e seguiram até o raso
pelo mesmo caminho.

Minha vó com a certeza que não haviam sido salvos
sozinhos,
respirava forte e
falava baixinho:
- Foi Yemanjá! Foi Yemanjá quem salvou o menino.

Maira Garcia