sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pão de queijo no vagão

Um trem vai até o destino certo.
Enquanto um trem de coisas precisa
esperar
que a boca
a mão
e o ouvido
descubram o que
o mineirinho
pretende fazer com todo o resto.

Por Maira Garcia

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ZZZZZZZZZZZde zangão!

Se esfregou na violeta,
beijou a rosa,
pulou na orquídea,
se embebedou no jasmim,
traçou a hortência.
O zangão corre,
pica,
pula,
vira cambota,
gesticula.
80 dias de loucura,
aí ele cai novamente,
morrendo sempre
por uma crisálida.

Maira Garcia

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eu perdi um molho de chaves

Eu perdi um molho de chaves,
e me lambuzei com a ideia de não ter
para onde ir.
Senti que meu lugar será aonde estiver,
com a fome de quem mora na rua.
Encontrei meu molho de chaves.
Passou a fome,
agora estou com sede.

Maira Garcia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fim de caso

De todos os presentes,
hoje sinto falta apenas de um.
Me arrependo sim,
De não ter ficado
com aquele livreto
carcomido do Cacaso.

Por Maira Garcia

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Sal dos dias

Não tem idade, essa falta ou muito calor
que quando vem, nos toma com sede.

Sal dos dias, que termina, quando se transborda
água de saudade.

Maira Garcia

A estória com "e", de um final nada feliz....

A rapariga estava refeita
da desfeita
de ter sido trocada por outra.
Já havia malhado o Judas
com os pertences ganhos pelo ente
bem antes,
mui amado,
e o que valia a pena,
deixou no mercado.
Após 600 e poucos dias calculados,
O pobre ainda queria fazê-la sorrir
com um simples recado.
-Não me faças rir, ela retrucou.
-Ainda choras por mim? Se prontificou o cara pau.
-Claro que não! Com o sorriso na voz,
do esvair da paixão,ela responde:
-Apenas superei o luto e o defunto,
veja que insulto!
Ainda insiste em...
Me visitar!

Maira Garcia

sábado, 17 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Baticum

Dormi embaixo de uma sapucaí
e acordei com o grito
de um pixoxó.
Avis rara
na sombra
da vida
que rala.
Tum-tum,
Tum-tum,
Tum-tum.

Por Maira Garcia

Brás, mexida, fiquei muda.

Você viu o Brás pela manhã?
De cima pra baixo, no horizonte?
São Paulo cinza,
verde, rosa,
laranja.
Fitilhos, milhos, milhares.
Slides,
tios, filhos, frutas e franjas.
Caixas, sacos, tecidos.
Com vendas e olhares em braille?
Pastel?
Céu carregado
pelas mãos que carregam tudo.
Do mel ao féu.
Gritos ao longe,
gemidos de perto.
Mudos.
Você já sentiu o Brás pela manhã?
Quando brisa a maçã fresca
maçã passada,
maçã do amor?

                                                          Por Maira Garcia

sábado, 10 de setembro de 2011

Na linha

Deu tantas voltas para voltar ao Centro
e voltou com muita sede pra Liberdade.
Queria a chuva,
o frio, o calor, e a geada do Trópico de Capricórnio
aos
seus
pés.

E a fé, a falta de,
o canto,
o luxo,
o lixo,
o bem
e o mal,
o poluído e o puído,
o inocente e o fingido
a fuligem e a nuvem
o permitido e o proíbido

No meio da multi-dão,
não em um sonho cheio de peso.
Caminhava com desassossego,
pela Sé.

Por Maira Garcia

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Volta pra lá.

Falta pouco pra eu cantar
o Hino Nacional
aonde ele nasceu.

Não ouviram, não?

O povo heroíco vai passando por mim,
bravo, retumbante.

Lá ninguém mais anda de tanga,
faz tempo que mandaram todo mundo embora,
que pena.
Um dia eles voltam.

É, tô falando do Ipiranga.

por Maira Garcia