Eu era a hera que cobria tudo.
A parede lascada.
A árvore abandonada.
A barba do mendigo.
A larva que passava.
Eu era a hera que cobria tudo.
Os olhos que não eram azuis.
O céu que era cinza.
A cruz triste e ensaguentada de Jesus.
Eu era a hera que cobria tudo.
A barriga do Chico Barrigudo.
O gladiador sem escudo.
O cego em noite de tiroteio,
e o amor mais invejado,
daqueles que esquecem a que veio.
Eu era a hera que cobria tudo,
pra esconder o sorriso desfeito,
e encher de graça o peito,
de quem ainda pensa
que sabe tudo.
Maira Garcia
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